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Dubai e Maldivas

É com muito orgulho e prazer que abrimos aqui outro post, desta vez com um destino mais exótico, diferente dos outros. A justificação era suficientemente poderosa para, num clima de pouca abundância, assumirmos esta empreitada. Os destinos desta viagem foram o urbano Dubai, e as exóticas Maldivas.
A primeira impressão será para confirmar essa ideia que vos paira na cabeça: sim, é uma viagem cara, e sim, é uma viagem longa. Também por isso é que é diferente.

São 7h 30 para o Dubai e mais 4h para as Maldivas. O primeiro ambiente que nos recebe é o monumental aeroporto do Dubai. Um cartão-de-visita daquilo que se iria ver no resto do país. Chegámos de madrugada sendo que esse mesmo dia foi suficientemente longo para nos gastar a pouca energia que tínhamos. Retirando este só nos sobrou mais um, mas 2 dias intensivos deram para tirar as fotos postais, dos locais cliché. Primeira ação é comprar um passe de metro, que para perto dos principais locais, e que permite também usar os autocarros. De resto é ter umas boas sapatilhas, protetor solar 50+, e estar preparado para as diferenças de temperatura dentro e fora dos edifícios.
O Dubai acorda cedo, mas só se veste lá para as 10h, o que nos obrigou a andar a pé. Das “atrações” que ficam mais fora de portas, está o Burj AL Arab, o hotel 7 estrelas. Estão obviamente à espera que vos diga maravilhas deste hotel, que tem isto e aquilo, e podemos fazer assim e assado, mas a verdade é que depois de 5km a caminhar sobre 40ºC e uma humidade que arranca a melhor tinta Robialac do estuque lá de casa, o porteiro perguntou: têm reserva? Não? Então só podem tirar fotografias da parte de fora. E assim ficou, a alguns metros, este bonito hotel… à espera da hora do check in, para tomarmos um banho e descansarmos um pouco, andámos a deambular pelas ruas da metrópole.
Tempo para falar dos Dubaianos. São moços de barba impecavelmente aparada, num vestido branco impecavelmente engomado, com o lencinho na cabeça, e equipados com bons relógios. E podem ver estes autóctones em 20% dos habitantes. Isto porque o Dubai é uma mistura de raças e culturas, não lhe permitindo ter uma identidade própria, ou ter um doce típico, ou ter uma comida típica. Nada é típico, é uma variedade de gente, o que torna o destino ainda mais interessante. Interessa referir que não vão ver bombistas suicidas, ou pessoal a vender frores e relógios falsificados. Dubai é o país mais seguro onde já estive. Não há grafitis, não há lixo no chão, não há gunagem, não há maus aspetos (quanto muito há gente feia). As pessoas não são simpáticas, nem são sorridentes, mas fazem o seu trabalho e não criam problemas. Por falar em fazer o trabalho, este é coisa que não falta aqui, e percebe-se porquê: este pessoal é pouco eficiente, há sempre 1 pessoa a trabalhar por cada m2. Um quiosque com 2x2m tem 3 pessoas a trabalhar. Por fim, para fazer a pintura humana, posso dizer que as mulheres… bem, as mulheres têm os olhos muito bem pintados, as unhas exemplarmente arranjadas, e têm muito gosto na escolha das carteiras. De resto, o pano preto envolve tudo numa misteriosa dúvida. Ah! E todos cheiram muito bem, a perfume, e não se sente o cheiro a suor que seria previsto com este calor.

Passando agora para a cidade. É um destino turístico e empresarial. Quem tiver dinheiro pode fazer e comprar várias coisas. E é este a principal atividade de um turista. Aqui não há trilhos, nem lagos naturais para se ir mergulhar, nem parques públicos, etc. Aqui, há parques aquáticos, há safaris ao deserto, aquários, hotéis que só se veem na televisão. Quanto mais tiverem dispostos a gastar, mais atividades há. Ainda assim, contando os tostões, podem usufruir do ambiente, da cultura, da envolvência. Se gostarem de arquitetura vão ficar deslumbrados com todos os arranha céus, com as suas cores, é como se andássemos numa floresta imobiliária. E vão perguntar-se muitas vezes: como é que nós humanidade, conseguimos isto?...

Ora bem, de banho tomado, regressamos à estrada. Fomos ver o Dubai Mall, o maior centro comercial do mundo. Tem tudo: tem um oceanário lá dentro, e tem um parque de diversões. Tem lojas que só ali se encontram e tem todas as marcas que podem imaginar. É também um caldeirão de pessoas, onde podemos cuscar e comentar as várias peculiaridades.
Depois de comprado o habitual íman, saímos do edifício, e encontrámos uma praça vibrante. Cheia de gente, com um lago artificial (como tinha de ser) Burj Khalifa Lake, rodeada de edifícios modernos, e outros com uma arquitetura mais árabe. E ali estava ele, imponente, a tocar o sol, o Burj Khalifa. O edifício mais alto do mundo. E isso não está só no papel, é sentido quando estamos cá em baixo… é visitável até ao 124º andar, mas ele tem 163. Visita essa que ficaria adiada para o dia seguinte. Aconselhamos a comprar o bilhete (25€) com antecedência.
O dia não esperava e seguimos sem destino, tendo encontrado a Dubai Marina agradável, com a sombra fornecida pelos prédios ao redor. Um bom sitio para se comer um gelado e passear.  Alguns metros adiante há uma relvado extenso que convida a um descanso. Sempre a gastar sola, fomo-nos perdendo entre os arranha céus, tentando encontrar uma das praias públicas. Mas sem sucesso. Os pés queixavam-se, e o esforço que estava a ser investido não garantia retorno…  o ponto de encontro seria novamente o Dubai Mall e a sua praça. Ao cair da noite, o espetáculo de repuxos de água repetia-se a cada 30min. A música ia mudando, e não nos importámos de ver por 4 vezes este bailado aquático. É à borla!!




O dia seguinte começou mais tarde, mas já sabíamos onde íamos. A zona velha do Dubai, aquela que serviu de berço às trocas comerciais, e ao crescimento da metrópole, está situada à beira do Creek, o rio que atravessa esta parte da cidade. Encontramos aqui o Gold Souk e Spice Souk. E aqui encontramos alguma identidade deste local do mundo. Uma área muito movimentada, com carrinhos de mercadoria empurrados freneticamente por todo o lado. O Spice Souk, como se depreende, é onde se compram e vendem milhares de especiarias. Sentem-se os aromas no ar. Vêem-se várias cores e texturas. Facilmente nos perdemos nas ruas estreitas, empoeiradas e atarefadas. Sem darmos conta passámos ao Gold Souk. O mesmo conceito, mas agora o item de comércio é o ouro. Fios,  brincos, relógios, tudo é amarelo, tudo brilha e tudo está exposto como se uma loja do chinês se tratasse. Não chegámos a perceber se era mesmo ouro, mas tinha de ser! É o Gold Souk! Só nos fazia confusão saber que estávamos rodeados de milhões de euros, ali expostos, sem vergonha, sem receios. E aqui já experienciámos a veia comercial dos árabes. Numa rua de 1,5m de largo, fomos persuadidos a entrar numa loja de lenços, e com um marketing incrível, lá compramos por 10€ um lenço de autêntica caxemira (!). Se és o homem do casal, prepara-te porque é a ti que te vão solicitar mais atenção. É uma rua apinhada, um paraíso para carteiristas, mas em nenhum momento tivemos receio.
 Depois deste aperto espacial, libertámo-nos para um sítio amplo, o Creek Park. Por 5€ podemos andar por este parque verde, com o rio a delimitá-lo. Está um pouco abandonado, mas conseguimos ver a fauna e flora local, alem de vermos uns camelos que alugam voltas de camelos, e que dificultam a realização de uma boa foto. O autocarro para logo à beira deste parque, e foi com este transporte que nos fomos embora. Tentámos procurar a praia pública (as outras praias estão concessionadas aos hotéis), mas tornou-se complicado arranjar um algoritmo para apanhar as várias linhas de autocarro necessárias.


Fomos almoçar a um outro centro comercial que se via do metro, mas depois de se ir a um Dubai Mall, tudo o resto parece um Minipreço… já cansados, mas animados com a última atividade do dia à espera (a visita ao 124º andar do Burj Khalifa), fomos ao ponto central, Dubai Mall, vimos mais um espetáculo da água, e deixámo-nos descansar nas margens do lago. À hora marcada (no dia anterior) 21:30, entrámos para o Burj Khalifa. Muito rapidamente subimos no elevador mais rápido do mundo, até ao 124º andar e: lá estava ela! A vista noturna deslumbrante, sobre o Dubai. É a mesma vista que se tem do avião, mas com 360º de amplitude, e com o tempo que quisermos para desfrutar dela. Reparamos que há ainda muito espaço vazio, que convida  construção de mais um hotelzinho, ou um prédio de escritórios, mas vê-se também a marcada identidade urbana deste país. É o sítio obrigatório para uma fotografia e para simplesmente aproveitarmos o local. Dali conseguimos olhar para o resto do edifício e perceber que há outro tanto de altura… incrível



Acordámos cedinho. Íamos para o paraíso! Depois de uma agradável conversa com o taxista, encetámos 4h de viagem aérea. Chegámos a Malé, a capital. Um aeroporto bem pequeno, confuso, com muitos guichés de hotéis e operadores. Muita gente vestida de linho e sandálias. Fica à beirinha do mar . Rapidamente fomos encaminhados para o ferry e sem darmos por isso: estávamos num pequeno barco, antigo, a postos para o arranque.
Estava sol, e o entusiasmo disfarçou a ondulação do barco, algo pronunciada no início da viagem.
1hr depois, chegámos às MALDIVAS (bem... já tínhamos chegado, mas referimo-nos ao dito paraíso)!! A 1ª impressão vai de encontro às expectativas. Água clara, palmeiras, cabaninhas de madeira, sol e calor. Foi-nos feita uma receção geral, percebemos que as pessoas que trabalham ali, nas funções mais administrativas, são estrangeiros. Dizíamos nós: trabalham no paraíso…
O nosso quarto também não dececionou. Sabíamos que tínhamos escolhido um à beira do mar, mas há sempre o elemento surpresa.  E a surpresa foi boa. Um quarto de madeira, muito acolhedor, com AC, televisor, sofás, cadeiras, uma casa de banho ao ar livres e um acesso direto ao mar.

Este texto não será tão longo com o  do Dubai, até porque a ilha tem uns 4km de perímetro, sendo que é fácil descrevê-la. Mas o objetivo de um destino destes não é propriamente conhecer os recantos do local. A ideia é nadar, comer, apanhar sol, e não fazer nada! E foi isso mesmo que fizemos, com muito sucesso. Interessa talvez dizer que há várias atividades, náuticas e desportivas, incluindo as próprias infraestruturas (campos golf, ténis, futebol, basket, etc).  Em relação ao staff; foi um dos aspetos que dececionou. São pessoas prestáveis, e fazem o seu trabalho. Mas são muito pouco sorridentes. Parece que estão todos a cumprir pena (na verdade estão presos numa ilha).  Levem um par de equipamento de snorkeling, pois o mergulho é a actividade rainha. Protejam-se do sol, e usem sandálias, pois a questão das areias brancas e limpas não é real. Há muitos detritos provenientes dos corais, que podem magoar a sério. A fauna e flora é muito interessante; podem quase dar festinhas aos tubarões que nadam quase na areia (3 palmos de comprimento). Há vários tipos de caranguejos e os peixes são facilmente alcançáveis com umas braçadas. Há pé em quase todo o lado e o mar não tem ondas. A água é quente claro, e dependendo da maré, é límpida. Temos muita escolha nos buffets, mas no fim do dia, temos sempre saudades dos nossos sabores. E de comer algo que não saiba sempre a especiarias.

As fotografias valem mais que mil palavras, e não nos vamos alongar a descrever algo que não ganha interesse por estarmos a escrever um bonito texto. É um sítio que vale a pena ser visitado; se isso sempre esteve nos vossos planos. Se ter o carimbo das Maldivas nunca foi um sonho vosso, na nossa opinião, o dinheiro e tempo aplicado nessa viagem, não é compensatório. É o mesmo que comprarem um Ferrari. Podem dizer que têm um, que guiaram um, e mostrar as fotos dele aos amigos, mas no final do dia, ainda têm de andar com o Opel para ir às compras e conseguir estacionar no subterrâneo. 
Importa referir, quase em PS, que também chove no paraíso. Apanhámos dias de chuva torrencial, e céu muito nublado. E isto pode afetar a nossa disposição. É um risco que se corre.
No dia da despedida, uma vez que tínhamos muito tempo entre o transfer e o avião, demos um salto a Malé. E mesmo tendo sido apenas um par de horas, foi uma visita muito interessante. Não há muito para visitar, mas o tipo de turismo deambulante é o adequado para aqui. Caminhem pelas ruas, apreciem o transito, a falta de capacetes, a imensidão de motas, os mal tratados táxis, etc. se tiverem sorte vão encontrar o mercado e logo ao pé, uma espécie de um porto, onde atracam os barcos, que trazem tudo aquilo que Malé consome. Estamos a falar de um local que importa quase tudo. A desorganização e lixo é bem visível, mas os locais convivem bem com ela; e se eles convivem, nós também nos habituamos.

Apreciem as fotos e preparem a vossa viagem com antecedência. O Dubai é um destino caro, e as Maldivas… são as Maldivas.

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