Avançar para o conteúdo principal

Grécia - Santorini


Chegou a vez do mediterrâneo puro. Que mais mediterranice que ir até à Grécia? 

O país dos filósofos, dos pensadores, da crise dos membros do sul e do iogurte espesso. Podemos já começar por aqui: o iogurte grego que nós aqui compramos e que aparenta ser espesso e nos dá a sensação de “ah sim senhor, isto é que é um iogurte à homem”, lá ganha outra perspectiva. O iogurte grego, da Grécia, confunde-se com um queijo fresco…. O seu estado encontra-se entre o liquido e o sólido, da tal forma que se espetarmos uma colher, ela fica rígida e aguenta-se na posição.
Mas vamos focar-nos... a Grécia é grande e tem como grande atrativo as suas ilhas pesadamente turísticas. Foi para aqui que fomos: Santorini. Colocou-se a questão se havíamos ou não de saltitar pelas outras ilhas, mas decidimos não o fazer. Tivemos então uma semana e uns dias para explorar a ilha.

DIA 1
A chegada presenteia-nos com um aeroporto notoriamente mais pequeno que a horda de turistas exigia (e estávamos em final de Setembro). O vento também estava presente (como é uma constante nesta ilha) e o sol brilhava forte. 

A primeira viagem de autocarro, que nos levava à capital Fira, serviu para conhecer o ambiente genuíno do povo e do dia a dia dos santorinenses. Depois de uma noite longa em viagem, estávamos cansados, e fomos diretos ao hotel tentar um duche, para depois irmos até à falésia onde o maior atractivo (as casas brancas) nos esperava. Assim o fizemos; este primeiro dia foi um pouco de pasmaceira, já que estávamos cansados. Fomos caminhando, parando, observando. Santorini tem na sua face norte (oeste???), uma falésia que abraça todo o seu comprimento. E entre Fira, Firostefani e Oia,

 o grande atractivo e motivo de biliões de pixéis são as suas casa brancas, telhados azuis, e os caminhos vedados ao trânsito automóvel. 

Uma recomendação que deixamos: obviamente (€€) que nós ficámos alojados em guest houses ou casas geridas por famílias, mas ponderem gastar numa ou duas noites, sairá um pouco (muito) mais caro, e fiquem alojados num dos milhentos hotéis à borda da falésia. É de facto uma experiência à Hollywood, que achamos que vale a pena.



DIA2
Hoje já tínhamos mais energia para explorar aquela parte da ilha, pelo que nos metemos por todos os recantos que existem. Fira é massivamente turístico, com  muitas lojas, cafés, restaurantes, etc. e por falar em restauração, ao contrário do que seria expectável, consegue-se comer aqui pelo mesmo preço de Portugal (talvez não pela mesma quantidade) e comida boa! Palmilhámos tudo que fosse escada, ruela e ruinha e ficámos ambientados e embrenhados na vivência deste pessoal. Percebemos também que os serviços camarários são muito… discretos. Não se vê polícia, homens do lixo, pessoal a limpar as ruas. O facto é que há uma necessidade de aumentar estes apoios pois víamos contentores a transbordar, zonas (que não as adjacentes aos hotéis) tratadas com descuido, e percebemos que mesmo num destino destes há miséria, há malta a pedir, e nota-se que o pessoal trabalhador dali não tem a mesma sensação que nós temos ao acordar e estar num resort maravilhoso…. Diria mesmo que o nível de vida é baixo e é duro.



DIA 3
Hoje foi dia de cansaço e de exercício. Para quem gosta (como nós) de trekking, caminhadas e mais adrenalina e aventura, Santorini fica na qualidade de estância termal sexagenária… Mas calma! Há uma hipótese de fazer algo mais radical; de Fira até Oia existe um trilho sempre à beira da falésia, que passa por Firostefani, Imergovilli e que durante 9km vos permite estar mais em sintonia com a natureza, com vistas lindas e com o sol a bater-vos sem piedade no pescoço. É um trilho sem sombras, com algumas partes em terra e pedra, e que demora entre 2 a 4hr a fazer. Mas vale a pena. Claro que ao chegar a Oia têm duas opções: ou ficam por lá, com as sapatilhas e pernas cheias de pó, e a cheirarem a maratonista, ou regressam no primeiro autocarro que apanharem. Optámos pela solução 1.

Oia é uma terra de calibre diferente de Fira. Claro que o turismo é uma constante, mas digamos que sobe de patamar. As lojas são mais chiques, mais caras, a própria atmosfera é mais requintada. Consegue ser um pouco mais calmo que Fira. De resto tem o mesmo tipo de paisagem e de beleza, com uma salvaguarda: as pessoas vêm ver aqui o pôr do sol como se fosse o último das suas vidas. Dizem ser o mais bonito do mundo... e de facto é bonito, mas na Praia da Barra também se conseguem umas fotos engraçadas…. Isto significa que ali por volta das 19h a vila pára, toda a gente se empoleira em muros, escadas, e varandas privadas, para a foto da praxe (sendo que muitos só vêem o cenário através do ecrã). E quando o sol efectivamente se vai embora, toda esta horda de gente pasmada regressa às suas vidas causando uma hora de ponta de sinal vermelho em qualquer sistema de trânsito. Se querem apanhar o melhor ângulo, é melhor tomarem lugar lá para as 17h.




Ao regressar tentámos o autocarro. E é aqui que quero falar deste sistema peculiar de transporte. Não é que não haja várias rotas e horários, a questão é que nem sempre são respeitados; os autocarros vão muitas vezes cheios (literalmente cheios, com pessoas em pé no corredor e ao lado do condutor). Os motoristas são auxiliados por um pica, e ambos têm tendência a serem brutos, assertivos, e sem grande paciência turística; o que torna a viagem por si só muito engraçada e genuína. Rimo-nos em quase todas as viagens que fizemos. Os valores rondam os 2€ por viagem e é seguramente o meio mais fácil de nos deslocarmos.



 DIA 4
Era altura de irmos para o outro lado da ilha. De autocarro pois está claro. É nesta latitude que se encontram as praias. Muitas pessoas têm uma pré concepção de Santorini como sendo um destino de praias. Na verdade, tem praias de facto, mas qualquer uma delas fica atrás de uma Mira ou São Pedro de Moel. A areia é escura, em alguns locais muito fina, tem bastante algas, e o tamanho do areal é reduzido. Entre estas, a melhor que encontrámos é a praia de Perivolos. Existe também a possibilidade de visitar a Red, White & Black beach. Por 20€ podem apanhar um barquinho em Akrotiri, embora haja outros locais, que vos leva e traz a estas praias. Podem ir sim de carro, ou mota se os tiverem, embora os acessos sejam manhosos. O importante é dizer-vos que: não vale a pena… nem de uma forma nem de outra. Sendo que na white beach o areal está tomado por guarda sois, que são pagos à parte! O que nos deixa sem grandes opções… lá passámos o resto do dia a andar de barco e a saltitar entre estas praias. Ah, ainda não falei do mar. por esta altura a temperatura é parecida com um Algarve nos seus dias razoáveis; não tem ondas, e a prática de snorkeling só vos recompensa com meia dúzia de peixinhos que gostam de vos cheirar os pés…



DIA 5
No primeiro dia em que chegámos, comprámos de imediato uma tour que nos levava ao vulcão e cratera, e às hot Springs da ilha adjacente Nea Kameni

O que se passou é que no dia anterior havia previsões para vento forte. Pensámos que uma caminhada sobre o sol duro, numa ilha com muita terra e pó, com o tempero do vento, pudesse não ser assim tão giro. Ajudou também ter lido num fórum qualquer que as Hot Springs não eram assim tão Hot, além de termos que nadar um pouco em agua fria, para lá chegar… com um guião bem estudado e algum nervosismo, fomos à agência cancelar aquilo e acabámos por perder 20€. Passámos o resto da tarde a descontrair no porto Velho. De Fira, podemos descer por 500 degraus até este porto (de onde arrancam os barcos das tours, dos transfers dos cruzeiros, etc). foi nesta altura que tivemos o nosso momento de tristeza e revolta da viagem, ao passar pelos burricos que, de forma exploratória, carregam os alegres e sonsos turistas por estes degraus escorregadios e inclinados. A tristeza nos seus olhos é palpável.. claro que quando os “tratadores” no perguntam “donkey?” e nós dizemos “fucking not!”, eles murmuram qualquer coisa e tentam os próximos clientes.
Já referi antes, conseguimos comer bem e a preço justo em vários locais. Aliás, comemos sempre bem em todos os sítios. Mas gostava de salientar o Greek Bites. Um espaço longe da rota turística, com um empregado engraçado, preços baixos, e boa comida.

DIA 6
Este prometia ser um dos dias menos concretos e organizados, mas também divertidos! Alugámos uma scooter. É o meio de transporte de excelência daqui. São baratos, consomem pouco, e nem sequer precisam de andar de capacete (mas andem!). a ilha é tão pequena que num dia conseguem circundar a mesma. Ainda não tínhamos conhecida alguns dos pontos turísticos e a scooter permitiu parar por lá. O farol de Akrotiri

o complexo vinícola de Santo Wines, a cidade medieval de Pyrgos e algumas das praias que ficaram por ver. A nível de praias, a exigência portuguesa continuava a prevalecer e a não deixar que ficássemos muito entusiasmados com o que encontrávamos. É de referir que na praia Theros, existe um conhecido café, com um aroma de ambiente surfistas e boa onda, o Theros wave bar. A cidade medieval é engraçada, devem passar por lá e passear pelas suas ruas e ruínas.
Seguimos estrada fora e mal demos conta estávamos de novo em Oia. Foi só rumar de novo a Fira e quando reparámos já o dia tinha passado.

DIA 7
Foi propositadamente que colocámos dois dias em simultâneo na agenda. e porquê? Porque os dois próximos dias são passados em Kamari

Uma zona assumida de praia. E o que é Kamari? É uma avenida estreita e longa, com 500 restaurantes, lojas de souvenirs, de roupa e mercearias e… restaurantes. Fora disso tem uma longa estrada sinuosa, sempre a subir (ou sempre a descer…) que nos liga à antiga Thera, um local arqueológico. É giro ir até ao topo se tiverem pernas e tempo de sobra…. Tem uma vista engraçada. E é isto, é ver pessoas, estar na praia, ir ao mar, perder 1hr por dia a ver no tripadvisor onde ir jantar, e passam-se os dois dias. No nosso caso, houve um elemento perturbador que tornou tudo mais seca do que parece, que foi o facto de estar a chover, vento e frio. O que num local destes, limita muito aquilo que podemos fazer…




DIA 8
Atenas!!! Cidade mítica de matemáticos filósofos pensadores e pedras com história. Obviamente o maior atractivo são as ruínas de Acropolis

Que custam cerca de 30€ por pessoa. Se forem como eu, e não dão muita importância a pedras históricas e vasos de porcelana com 700 anos, talvez seja um valor caro. Alem disso a chuva que nos perseguiu nos dois últimos dias… piorou. O dia ameaçava ser molhado. Comprámos o belo do guarda chuva de 5€ e seguimos caminho. Procurámos um spot para uma foto à pobre, ou seja, que desse para ver o Parthenon, sem ter que lá entrar. E encontrámos; vários. Ao redor da Acrópole há um parque muito grande com vários miradouros que permitem uma vista incrível da cidade. E que cidade! É enorme! Um dos pontos conhecidos para servir de miradouro é Philopappos Hill






O mapa indicava haver uma zona pitoresca, histórica, perto de Plaka. Creio que não a encontrámos; ou pelo menos, nada parecido com as fotos da net… mas continuámos a caminhar por ali; passámos de facto por zonas mais históricas, com ruelas movimentadas, cheias de turistas, cafés, restaurantes, o habitual. Também digno de nota foi o parlamento (que não valia sequer uma foto, era uma construção muito muito normal e sensaborona.  Mas a melhor parte foi o mercado aberto de Monastirakei.
Meia dúzia de ruas com uma incrível oferta de lojas diferentes. Lojas de vinis, de merchandising de bandas, de roupa de marca desportivo-estilosa; de roupa de linho, de bonés, de material militar, etc, etc. para mim foi o top de Atenas. E ao fim de tudo isto eis que os céus se abrem e nós tivemos que tomar refugio na Catedral Metropolitan

As ruas pareciam rios, pelo que tivemos que abandonar a visita urbana e seguimos para o aeroporto (à borla num comboio onde não se percebia muito bem onde comprar bilhetes….)

Foi uma viagem relativamente barata e indicada para quem queria relaxar e possa gastar um pouco mais num alojamento tipo villa, com vista para o mar e piscina privada. Se não for o caso, 1 semana ou 4/5 dias é suficiente. E comam iogurte, e moussaka!


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Piódão, Foz d'Égua e Loriga

Piódão é uma aldeia no concelho de Arganil. É assim que muitas das descrições fáceis e académicas começam. Mas pouco importam estes dados genéricos quando nos referimos a um local onde o tempo tem outro andamento e onde fugimos por momentos do mundo que conhecemos Passámos uns meros 2 dias no Piódão . Já lá tínhamos estado, noutras ocasiões, mas nunca como turistas assumidos com direito a pernoita no local. Dia 1 O acesso a esta aldeia não se pode dizer que seja difícil, pois não há muito tempo o mesmo era feito por estradas de terra batida, ou com um piso medonho. Mas não é a o trajeto mais amigo de quem tem enjoos ou não gosta de curvas. Ao chegarem terão tempo para respirar ar puro e para recuperarem de uma ou outra náusea que se tenha instalado durante a rota. O xisto é o motivo principal que encontramos em qualquer fotografia, olhar, registo mental deste lugar. Casinhas pitorescas, com portas e janelas a condizer, arrumadas como se se chegassem umas às outras...

Cracóvia e Brno (Polónia e República Checa)

Para onde saberia bem viajar em Novembro? Para um sítio quente, com sol, que nos ajudasse a esquecer a melancolia e escuridão do Inverno… Ou então para os países de Leste!!! Polónia e República Checa ! Check! Na verdade, enquanto em Portugal passavam notícias de cheias no Algarve, na Polónia fazia um sol de rachar; isso, porque de facto sol estava, o quente é que não era muito. Já aqui tinha dito anteriormente que gosto de avaliar imediatamente duas coisas num país: a limpeza das ruas e o modo como conduzem. E a Polónia passa, assim como a República Checa. É um país tão ocidental como “nós”. A cortina de ferro foi derretida e reutilizada em edifícios, novos aeroportos, novas infraestruturas, ficando apenas alguns resquícios dos tempos idos nos edifícios mais antigos, pesados, sombrios, com aquele charme soviético. A Polónia ainda assim se destaca da República Checa. A malta desenrasca-se bem com o inglês e embora ainda falte um sorriso no rosto daqueles que nos atendem em me...

Roménia

Tínhamos uma semana para ir para um destino que não fosse muito caro. Vendo que pionés faltava no mapa, alguém deu o nome da Roménia! Um destino que estava arrumado no fundo da lista, porque era perigoso, porque era pobre, porque a malta era um perigo a conduzir, porque os carros e as casas eram velhos…. Mas após troca de argumentos, lá se decidiu levantar voo. Voos esses que foram caros, para um destino low cost, mas permitiu-nos sair logo na sexta. Aterrámos de madrugada e portanto não deu para avaliar grande coisa. Mas à medida que o dia desenrolava e começávamos a viver o dia a dia deste país, começámos a perceber gradualmente, e até final da viagem, que todos os preconceitos foram destruídos! Foi o destino que mais me surpreendeu ou que mais se revelou diferente do que era imaginado. Não houve qualquer sentimento de insegurança. A condução é agressiva, mas não muito mais que a nossa aqui em Portugal. Não se vêm tantos Audis e Mercedes como aqui, mas os vários Dacia que se vêm faze...

Jordânia e Jerusalém (Israel)

INTRODUÇÃO Sendo uma das grandes recompensas das viagens, o conhecimento de novas culturas, hábitos, tradições, costumes, sabem que uma introdução que dê a conhecer os mesmos é vital neste blog. O destino que se carimbou nos passaportes não é mainstream e não é user-friendly (fica sempre cool usar estes estrangeirismos…). Sem mais demoras: Jordânia e Jerusalém foram os eleitos. Obviamente não é algo tão popular como ir para o México ou para as Caraíbas, mas aqui é que está o busílis da questão! “ena pá, gandes malucos!” “ oh meus ricos filhos, tenham juízo, então vão lá para esses malucos, sujeitos a rebentar lá uma bomba?!” “oh sobrinho, não faças isso… porque não vão antes para Benidorm que a água é quentinha?...”. Isto é a perceção da família e amigos. “A Jordânia é o aluno bem comportado e ajuizado na turma de malucos do médio oriente, por isso, se queremos ir a esta região; é agora, e é para lá!”. Isto foi a nossa perceção! Aconselho vivamente, se vos interessam estes de...