Para onde saberia bem viajar em Novembro? Para um sítio quente, com sol, que nos ajudasse a esquecer a melancolia e escuridão do Inverno… Ou então para os países de Leste!!! Polónia e República Checa! Check!
Na verdade, enquanto em Portugal passavam notícias de cheias no Algarve, na Polónia fazia um sol de rachar; isso, porque de facto sol estava, o quente é que não era muito.
Já aqui tinha dito anteriormente que gosto de avaliar imediatamente duas coisas num país: a limpeza das ruas e o modo como conduzem. E a Polónia passa, assim como a República Checa. É um país tão ocidental como “nós”. A cortina de ferro foi derretida e reutilizada em edifícios, novos aeroportos, novas infraestruturas, ficando apenas alguns resquícios dos tempos idos nos edifícios mais antigos, pesados, sombrios, com aquele charme soviético. A Polónia ainda assim se destaca da República Checa. A malta desenrasca-se bem com o inglês e embora ainda falte um sorriso no rosto daqueles que nos atendem em mercearias, supermercados e outros locais em que o turismo não é mais que o pão da manha e alguns sacos de mercearia, o pessoal dos hotéis e dos locais cliché são simpáticos na sua generalidade. E lembrem-se, estamos num país onde às 16h começa a noite e onde os termómetros precisam de uma escala negativa tanto como da positiva.
DIA 1
Chegámos ao fim da tarde mas tínhamos já programada a primeira paragem: Lost Souls Alley. Não vem nos guias (e espero que nunca venha), não está nos postais, e muito menos tem um nome que rima com Shaparova. Mas já lá vamos, isto porque pelo fato de chegarmos atrasados 5 min, rapidamente arranjaram outro grupo para nos substituir com esta justificação como desculpa. Hotel xixi e cama…
DIA 2


Mais deslocado do centro está o castelo de Wawel, que no dia em causa, e sem aviso prévio, estava fechado… Podem fazer várias tours, sendo que no nosso caso tínhamos direito a escolher duas de graça (calhou termos essa benesse nessa data): Lost Wawel com ruínas subterrâneas, esculturas, ladrilhos e outras que tais incorporada no departamento de ruínas arqueológicas. Depois temos os State Rooms, que vos leva por vários aposentos de cheiro a humidade, alcatifas e tapetes a gosto e uma ou outras estátuas e quadros de senhores feudais de pose e bigode duvidoso. Claro que a tour que deveria ter o nosso reconhecimento máximo é o Dragon´s Den! E tcharan: estava fechado! Ficamos apenas com a imaginação do que seria: a cave de um furioso dragão que foi morto por um pastor por comer o seu rebanho, usando uma ovelha do próprio (RIP ovelha da qual nem se sabe o nome) envenenada. O dragão ainda se encontra no lado de fora da colina e ainda cospe fogo se enviarem um sms para um determinado número. A colina de que falo é a envolvente do castelo e que pode ser visitada gratuitamente e que tem privilegiadas vistas para o rio Vistula (vistas-vistula… grande piada). É aqui que os atletas de domingo vêm fazer o seu running e patinagem.
Ainda estávamos no início da viagem e por isso as pernas aguentavam tudo. Fomos para o Bairro Judeu Kazimierz onde podem também visitar o Cemitério Judeu Remuh, um cemitério muito antigo e inativo onde se encontram alguns judeus polacos importantes. Está bastante abandonado sendo que algumas lápides já sofreram nas mãos dos nazis (usadas para pavimentar estradas) e que posteriormente foram recuperadas e trazidas de volta.
A noite acabou num bom restaurante italiano Pino, onde tivemos quase um show cook de pizzas, pastas, grelhados, etc.
DIA 3
Pode-se dizer que este é o dia D… esta viagem teve um propósito desde inicio, que era a visita a Auschwitz. Sempre fui um interessado por esta matéria, li e vi documentários e filmes sobre o mesmo. Saber que certas coisas aconteceram, e que o local que lhes serviu de plataforma existe e guarda memórias e vestígios desta escorregadela da decência e lucidez da humanidade, era motivo suficiente para uma viagem até este lado da Europa.
Por sorte, ou não, decidimos fazermo-nos à estrada (70km) que nos levaria aos campos. 70kms=1hr com margem… ou não. A fila ao chegar à vila onde se encontra o campo toma um andamento de lento a parado. Por isso, se ficarem longe, contem com bastante tempo para a viagem. Comprámos visita com guia, e só assim faz sentido, além do mais, a visita é estupidamente barata. Facilmente as pessoas continuariam a ir se triplicassem o valor do bilhete. E deviam fazê-lo, este espaço necessita manutenção para continuar a contar a sua história, para os que, como eu, só o tinham sentido em documentários e literatura, não sejam privados de sentir as emoções reais que este palco de vergonha nos transmite. Ficam as fotos, palavras são dispensáveis. Valeu a viagem!
Seguimos destino para Brno, que ainda ficava longito. Foi uma road trip que se fez bem, boas estradas, 130 de limite de velocidade, várias faixas.
Brno está um estaleiro de obras, várias saídas fechadas e um trânsito intenso, torna esta cidade pouco amiga do carro particular.
DIA 4

De tarde voltámos à cidade e começámos as visitas de cortesia a tudo que é monumento no centro da cidade. Convento dos Capuchos (cripta); aqui estão mumificados vários membros e outros ilustres da altura, benfeitores do convento. Bem pertinho está a imponente catedral S Peter e S Paul, um gigante no meio de casas do clero e outras. Está de tal forma rodeada de construção que não se consegue ter uma vista completa da sua grandeza. Só uma tele objetiva permite, de um local afastado e estratégico, sacar uma foto deste monumento (ora, não tendo eu uma tele, nem querendo ir para um local estratégico afastado, não tenho tal foto). Aqui pertinho está também o Mercado da Couve :) Uma grande praça, com uma grande fonte no meio, como as grandes praças devem ter; no entanto, o movimento aqui não tem o habitual dinamismo destes locais.
O dia acabou à noite, num restaurante que nos deixou a roupa empestada com cheiro a fritos, e onde a empregada tinha um claro problema com turistas e pessoas em geral… por azar não me lembro do nome.
DIA 5

Chegámos ao Pernštejn Castle, que foi propriedade de Lords of Pernštejn. Sim, há malta que tem casas na praia e malta que tem um castelo! Para nossa não surpresa, estava fechado, embora pareça que abre ao público noutras alturas.
A vista de fora é bem gira e toda a envolvente nos remete para um episódio de Game of Thrones. Mesmo fechado foi giro dar uma caminhada de manhã no meio da natureza e tirar umas fotos neste castelo.



A manhã tinha passado e a tarde caminhava a passos largos, regressámos ao centro de Brno!


Tendo carro alugado, foi fácil a pequena deslocação ao Castelo de Spilberk (não é do realizador). Podem fazer a típica visita à torre, podem apreciar a tal vista privilegiada da Catedral. Tem um sistema de grutas, onde, de uma forma organizada e com placas explicativas, não exaustando a capacidade de leitura em inglês, de um turista, em férias. Durante a guerra dos 30 anos foi uma fortaleza; foi uma prisão, e serviu como abrigo aos próprios nazis. Tem também algumas salas com representações de máquinas de tortura (não se entusiasmem… não é nada de dramático ou terrifico!).



O plano seria visitar St James catedral e a sua fantástica Cripta do Ossuário. Os planos falharam e o horário inflexível e curto dos Checos não ajudou. Às 17:55h demos com os olhos na placa informativa do horário e decidimos não chorar muito sobre este assunto. Veríamos mais tarde fotos na net e imaginaríamos como teria sido… Regressámos ao fantástico apartamento que tínhamos reservado, pois o dia seguinte seria de viagem de regresso a Cracóvia
DIA 6

Ocupou-nos toda a parte da tarde, sendo que a manhã serviu para visitar o castelo Wawel. O tal que estava fechado lembram-se?
O final do dia reservava-nos a tal visita ao Lost Souls Alley. Uma experiencia de terror com atores reais que nos fez borrar a cueca. Se entrarem no espírito, se não foram parvos, se não agirem como se fossem os maiores mas na verdade com medo, a experiencia é brutal. Não vou explicar o que se passa claro, mas posso garantir que fica na memória e se forem muitos, como nós, vão-se rir disto até ao final da viagem!
DIA 7


Foi um dia divertido, mas o avião cedo obrigou-nos a recolher ao fantástico apartamento que tínhamos em Miodowa. Mal sabíamos que o mesmo avião se atrasaria 6hr… o que nos impediu de manter os planos de usar a escala entre aviões para dar um saltinho ao centro de Londres.
Desta vez eramos 5 em viagem! O que é bom para dividir despesas fixas como o carro, gasóleo, etc. os próprios apartamentos ficaram económicos. Quase todos os bilhetes foram comprados anteriormente online, o que nem sempre correu bem pois os horários obrigavam-nos a uma disciplina que nem sempre existia. Com uma refeição decente por dia a viagem terá rondado 500/600€ por pessoa, sendo nós 5. Que fosse apenas por Auschwitz, vale a pena a viagem! Até à próxima… talvez umas ilhas… talvez o caribe….
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